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sábado, 28 de novembro de 2009

"O VESTIDO"



Caso do Vestido

Carlos Drummond de Andrade



Nossa mãe, o que é aquele
vestido, naquele prego?

Minhas filhas, é o vestido
de uma dona que passou.

Passou quando, nossa mãe?
Era nossa conhecida?

Minhas filhas, boca presa.
Vosso pai evém chegando.

Nossa mãe, dizei depressa
que vestido é esse vestido.

Minhas filhas, mas o corpo
ficou frio e não o veste.

O vestido, nesse prego,
está morto, sossegado.

Nossa mãe, esse vestido
tanta renda, esse segredo!

Minhas filhas, escutai
palavras de minha boca.

Era uma dona de longe,
vosso pai enamorou-se.

E ficou tão transtornado,
se perdeu tanto de nós,

se afastou de toda vida,
se fechou, se devorou,

chorou no prato de carne,
bebeu, brigou, me bateu,

me deixou com vosso berço,
foi para a dona de longe,

mas a dona não ligou.
Em vão o pai implorou.

Dava apólice, fazenda,
dava carro, dava ouro,

beberia seu sobejo,
lamberia seu sapato.

Mas a dona nem ligou.
Então vosso pai, irado,

me pediu que lhe pedisse,
a essa dona tão perversa,

que tivesse paciência
e fosse dormir com ele...

Nossa mãe, por que chorais?
Nosso lenço vos cedemos.

Minhas filhas, vosso pai
chega ao pátio. Disfarcemos.

Nossa mãe, não escutamos
pisar de pé no degrau.

Minhas filhas, procurei
aquela mulher do demo.

E lhe roguei que aplacasse
de meu marido a vontade.

Eu não amo teu marido,
me falou ela se rindo.

Mas posso ficar com ele
se a senhora fizer gosto,

só pra lhe satisfazer,
não por mim, não quero homem.

Olhei para vosso pai,
os olhos dele pediam.

Olhei para a dona ruim,
os olhos dela gozavam.

O seu vestido de renda,
de colo mui devassado,

mais mostrava que escondia
as partes da pecadora.

Eu fiz meu pelo-sinal,
me curvei... disse que sim.

Sai pensando na morte,
mas a morte não chegava.

Andei pelas cinco ruas,
passei ponte, passei rio,

visitei vossos parentes,
não comia, não falava,

tive uma febre terçã,
mas a morte não chegava.

Fiquei fora de perigo,
fiquei de cabeça branca,

perdi meus dentes, meus olhos,
costurei, lavei, fiz doce,

minhas mãos se escalavraram,
meus anéis se dispersaram,

minha corrente de ouro
pagou conta de farmácia.

Vosso pais sumiu no mundo.
O mundo é grande e pequeno.

Um dia a dona soberba
me aparece já sem nada,

pobre, desfeita, mofina,
com sua trouxa na mão.

Dona, me disse baixinho,
não te dou vosso marido,

que não sei onde ele anda.
Mas te dou este vestido,

última peça de luxo
que guardei como lembrança

daquele dia de cobra,
da maior humilhação.

Eu não tinha amor por ele,
ao depois amor pegou.

Mas então ele enjoado
confessou que só gostava

de mim como eu era dantes.
Me joguei a suas plantas,

fiz toda sorte de dengo,
no chão rocei minha cara,

me puxei pelos cabelos,
me lancei na correnteza,

me cortei de canivete,
me atirei no sumidouro,

bebi fel e gasolina,
rezei duzentas novenas,

dona, de nada valeu:
vosso marido sumiu.

Aqui trago minha roupa
que recorda meu malfeito

de ofender dona casada
pisando no seu orgulho.

Recebei esse vestido
e me dai vosso perdão.

Olhei para a cara dela,
quede os olhos cintilantes?

quede graça de sorriso,
quede colo de camélia?

quede aquela cinturinha
delgada como jeitosa?

quede pezinhos calçados
com sandálias de cetim?

Olhei muito para ela,
boca não disse palavra.

Peguei o vestido, pus
nesse prego da parede.

Ela se foi de mansinho
e já na ponta da estrada

vosso pai aparecia.
Olhou pra mim em silêncio,

mal reparou no vestido
e disse apenas: — Mulher,

põe mais um prato na mesa.
Eu fiz, ele se assentou,

comeu, limpou o suor,
era sempre o mesmo homem,

comia meio de lado
e nem estava mais velho.

O barulho da comida
na boca, me acalentava,

me dava uma grande paz,
um sentimento esquisito

de que tudo foi um sonho,
vestido não há... nem nada.

Minhas filhas, eis que ouço
vosso pai subindo a escada.


Texto extraído do livro "Nova Reunião - 19 Livros de Poesia", José Olympio Editora - 1985, pág. 157.

terça-feira, 24 de novembro de 2009

Fiodor Mikhailovich Dostoievski


Fiodor Mikhailovich Dostoievski foi uma das maiores personalidades da literatura russa, tido como fundador do Realismo.

Sua mãe morreu quando ele era ainda muito jovem e seu pai, o médico Mikhail Dostoievski, foi assassinato pelos próprios colonos de sua propriedade rural em Daravoi, que o julgavam autoritário. Esse fato exerceu enorme influência sobre o futuro do jovem Dostoiévski e motivou o polêmico artigo de Freud: "Dostoiévski e o Parricídio".

Em São Petersburgo, Dostoiévski estudou engenharia numa escola militar e se entregou à leitura dos grandes escritores de sua época. Epilético, teve sua primeira crise depois de saber que seu pai fora assassinado. Sua primeira produção literária, aos 23 anos, foi uma tradução de Balzac ("Eugénie Grandet"). No ano seguinte escreveu seu primeiro romance, "Pobre Gente", que foi bem recebido pelo público e pela crítica.

Em 1849 foi preso por participar de reuniões subversivas na casa de um revolucionário, e condenado à morte. No último momento, teve a pena comutada por Nicolau 1o e passou nove anos na Sibéria, quatro no presídio de Omsk e mais cinco como soldado raso. Descreveu a terrível experiência no livro "Recordações da Casa dos Mortos" e em "Memórias do Subsolo".

Suas crises sistemáticas de epilepsia, que ele atribuía a "uma experiência com Deus", tiveram papel importante em suas crenças. Inspirado pelo cristianismo evangélico, passou a pregar a solidariedade como principal valor da cultura eslava. Em 1857 casou-se com Maria Dmitrievna Issaiev, uma viúva difícil e caprichosa. Dois anos depois retornou a Petersburgo. Em 1862 conheceu Polina Suslova, que viria a ser o seu romance mais profundo. Em 1864, viúvo de Maria, terminou seu caso com Polina e em 1867 casou-se com Anna Snitkina.

Entre suas obras destacam-se: "Crime e Castigo", "O Idiota", "O Jogador", "Os Demônios", "O Eterno Marido" e "Os Irmãos Karamazov".

Publicou também contos e novelas. Criou duas revistas literárias e ainda colaborou nos principais órgãos da imprensa russa.

Seu reconhecimento definitivo como escritor universal surgiu somente depois dos anos 1860, com a publicação dos grandes romances: "O Idiota" e "Crime e Castigo". Seu último romance, "Os Irmãos Karamazov", é considerado por Freud como o maior romance já escrito.

ANIVERSÁRIO


Feliz aniversário

Um momento especial de renovação para sua alma e seu espírito, porque Deus, na sua infinita sabedoria, deu à natureza, a capacidade de desabrochar a cada nova estação e a nós capacidade de recomeçar a cada ano.
Desejo a você, um ano cheio de amor e de alegrias.
Afinal fazer aniversário é ter a chance de fazer novos amigos, ajudar mais pessoas, aprender e ensinar novas lições, vivenciar outras dores e suportar velhos problemas.
Sorrir novos motivos e chorar outros, porque, amar o próximo é dar mais amparo, rezar mais preces e agradecer mais vezes.
Fazer Aniversário é amadurecer um pouco mais e olhar a vida como uma dádiva de Deus.
É ser grato, reconhecido, forte, destemido.
É ser rima, é ser verso, é ver Deus no universo;
Parabéns a você nesse dia tão grandioso.

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

"ESPERANÇA"


A esperança é a última que morre

Por: Isadora Garcia


"Lá, a felicidade assombra, porque, ora bolas, é o que se repete desde os tempos bíblicos, a esperança será a última a morrer. Sobrevivendo aos sonhos desmedidos, aos gestos bem intencionados, à miopia criada pelos hábitos, às palavras ditas sem pensar, à paralisia do orgulho, à sinceridade inconsequente, às desculpas que chegaram tarde demais."


"Fábula Urbana", Maurício Gouveia, "Clube da Leitura - modo de usar - vol I"




A esperança é um sentimento estranho. Ela não pede licença e se intromete nos nossos assuntos, quando vamos ver, ela já está em nós, alojada, e acabamos gostando, acabamos alimentando-na.

Dona do próprio nariz, a esperança mora em qualquer lugar. Onde ela vê que está surgindo uma certa tristeza, um certo ar de descrença ela se abriga, se instala. E não adianta reclamar, que ela é decidida e não vai embora até que você pense que nem ela.

A esperança é indestrutível, ela sabe que enquanto houver vida ela existirá, ela sabe de tudo, ela é dona de tudo. Mas nem por isso ela se acha, ela fica se gabando por aí... A esperança, na verdade, é bem modesta, até... Ela é camarada, anda com todo mundo, em qualquer época da história, em qualquer estação do ano, em qualquer lugar do planeta.

Para a esperança somos todos iguais e merecemos todos um bom futuro. Para ela há solução pra tudo e não há o que temer. A esperança acredita em cura pra corrupção, fim de guerras, paz mundial, fim do preconceito, cura pro câncer, cura pra AIDS, fim do desmatamento. Ela acredita em sorrisos, em abraços, em felizes para sempre, eu te amo, saudades, promessas, perdão.

Se todos fossem que nem a esperança o mundo seria mais verde, haveria mais arco-íris por aí, mais amor no coração, mais gente olhando pro céu sorrindo para seus próprios pensamentos. Mas a esperança não vai desistir nunca. A meta dela é convencer a nós todos de que toda a bondade é possível. A esperança tem uma finalidade. A esperança é a última que morre, mas no dia em que ela conseguir alcançar seu objetivo, ela promete que vai se mandar. E aqui embaixo ficaremos todos morrendo de saudades dela, mas ainda assim seremos felizes, repetiremos seus ensinamentos todos os dias, credores de um futuro muito melhor para todos.

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

LIBERDADE


Ser livre é querer ir e ter um rumo
e ir sem medo,
mesmo que sejam vãos os passos.
É pensar e logo
transformar o fumo
do pensamento em braços.
É não ter pão nem vinho,
só ver portas fechadas e pessoas hostis
e arrancar teimosamente do caminho
sonhos de sol
com fúrias de raiz.
É estar atado,amordaçado,em sangue,exausto
e,mesmo assim,
só de pensar gritar
gritar
e só de pensar ir
ir e chegar ao fim.

De Armindo Rodrigues (1904 - 1993)

ILUSÃO


Dizes que sou feliz. Não mentes. Dizes
Tudo que sentes. A infelicidade
Parece às vezes com a felicidade
E os infelizes mostram ser felizes!

Assim, em Tebas - a tumbal cidade,
A múmia de um herói do tempo de Ísis,
Ostenta ainda as mesmas cicatrizes
Que eternizaram sua heroicidade!

Quem vê o her6i, inda com o braço altivo,
Diz que ele não morreu, diz que ele é vivo,
E, persuadido fica do que diz...

Bem como tu, que nessa crença infinda
Feliz me viste no Passado, e ainda
Te persuades de que sou feliz!

Augusto dos Anjos

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

"A IMPORTÂNCIA DA LEITURA"


Viajar pela leitura

Viajar pela leitura
sem rumo, sem intenção.
Só para viver a aventura
que é ter um livro nas mãos.
É uma pena que só saiba disso
quem gosta de ler.
Experimente!
Assim sem compromisso,
você vai me entender.
Mergulhe de cabeça
na imaginação!

PONHO OS MEUS OLHOS EM VOCÊ


Ponho os meus olhos em você
Se você está
Dona dos meus olhos é você
Avião no ar
Um dia pra esses olhos sem te ver
É como chão no mar
Liga o rádio à pilha, a TV
Só pra você escutar
A nova música que eu fiz agora
Lá fora a rua vazia chora...
Pois meus olhos vidram ao te ver
São dois fãs, um par
Pus nos olhos vidros prá poder
Melhor te enxergar
Luz dos olhos para anoitecer
É só você se afastar
Pinta os lábios para escrever
A sua boca em minha...
Que a nossa música eu fiz agora
Lá fora a lua irradia a glória
E eu te chamo, eu te peço: Vem!
Diga que você me quer
Porque eu te quero também!
Faço as pazes lembrando
Passo as tardes tentando
Lhe telefonar
Cartazes te procurando
Aeronaves seguem pousando
Sem você desembarcar
Pra eu te dar a mão nessa hora
Levar as malas pro fusca lá fora...
E eu vou guiando
Eu te espero, vem...
Siga onde vão meus pés
Que eu te sigo também.
Porque eu te amo!
E eu berro: Vem!
Grita que você me quer
Porque eu te quero também!
Hei! Hei!...
*(E eu gosto dela
E ela gosta de mim
Eu penso nela
Será que isso não vai ter fim?

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Formado em 1995, na Flórida, a banda Creed irá gravar um CD e começar sua nova turne. Separados desde 2004, Scott Stapp vocalista da banda disse: ”O tempo nos deu a chance de refletir, amadurecer e aprofundar nossa amizade, química artística, paixão pela música e amor pelos nossos fãs”

O nome do CD ainda não foi divulgado.

O primeiro show do Creed acontece em Pittsburgh, no dia 06 de agosto, e o último agendado até o momento ocorre em Nashville, no dia 14 de outubro.

O MACACO



VOU-ME EMBORA PRA PASÁRGADA

VOU-ME EMBORA pra Pasárgada

Lá sou amigo do rei

Lá tenho a mulher que eu quero

Na cama que escolherei

Vou-me embora pra Pasárgada

Vou-me embora pra Pasárgada

Aqui eu não sou feliz

Lá a existência é uma aventura

De tal modo inconseqüente

Que Joana a Louca de Espanha

Rainha e falsa demente

Vem a ser contraparente

Da nora que nunca tive

E como farei ginástica

Andarei de bicicleta

Montarei em burro brabo

Subirei no pau-de-sebo

Tomarei banhos de mar!

E quando estiver cansado

Deito na beira do rio

Mando chamar a mãe-d’água.

Pra me contar as histórias

Que no tempo de eu menino

Rosa vinha me contar

Vou-me embora pra Pasárgada

Em Pasárgada tem tudo

É outra civilização

Tem um processo seguro

De impedir a concepção

Tem telefone automático

Tem alcalóide à vontade

Tem prostitutas bonitas

Para a gente namorar

E quando eu estiver triste mais triste

Mas triste de não ter jeito

Quando de noite me der

Vontade de me matar

- Lá sou amigo do rei

Terei a mulher que eu quero

Na cama que escolherei

Vou-me embora pra Pasárgada

o bicho



O BICHO

VI ONTEM um bicho

Na imundície do pátio

Catando comida entre os detritos.

Quando achava alguma coisa,

Não examinava nem cheirava:

Engolia com voracidade.

O bicho não era um cão,

Não era um gato,

Não era um rato.

O bicho, meu Deus, era um homem.

domingo, 8 de novembro de 2009



No olhar... mil fantasias
Janelas d’alma os olhos são!
Somos amantes, somos amadas,
Somos Mona de lisa pele...
Mão macia doce agonia.
Olhar tigresa tem Monalisa,
Mistério oculto no coração.
São mãos que falam,
Nunca se calam...
Falando tudo os olhos vão...
São olhos d’água, guerra travada
relutante inundação!

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

A ARTE DE SABER OUVIR


Beber as palavras no silêncio
diluir na mente, pausadamente
filtrar incúrias partículas
reter proteínas puras,
surpreender observando
cada nova aurora.

Pressentir o cair das folhas
no Outono prematuro
nuas árvores esculpidas
revestidas pela Primavera
renovação dos ciclos rotineiros.


Existem pessoas que falam sem conhecer...isso por incrível que pareça torna-as arrogantes...pensando que só elas existem...pensando que a fala é tudo....não é verdade temos que aprender a ouvir aos outros...para vc ....pri

chocolate para : Iana Lisa


Frases Mensagens Vestidos Mensagem de Natal Frases de Orkut
Com Chocolate (Nathan de Castro)
Adicionar aos Favoritos do Ilhado


Os corpos com sabor de chocolate
na tarde dos segredos desvendados,
brindavam ao açúcar e ao combate
do amor sobre os lençóis amarrotados.

Palavras de silêncios, no resgate
dos beijos esquecidos nos estrados,
que o tempo despertou para o abate
das rimas solitárias... Sóis passados.

Poética da luz dos novos ventos,
encaixes na perfeita paz do gozo
e os sonhos mergulhados no cremoso

Aroma da canção dos sentimentos.
Hoje, o verso repete em pensamento:
o amor com chocolate é mais gostoso!

ALEKSANDER PUSHKIN



Esta edição reúne cinco célebres histórias de Alexander Pushkin, um dos maiores nomes da literatura russa. O grande personagem deste livro é Belkin, escritor fictício criado por Pushkin e que seria o autor dos cinco contos aqui reunidos - 'O tiro', 'O chefe da estação', 'O fabricante de caixões', 'A sinhazinha' e 'A nevasca'. Esses contos teriam sido encontrados e compilados em livro por um suposto editor.

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

A mulher que passa




A mulher que passa



Meu Deus, eu quero a mulher que passa
Seu dorso frio é um campo de lírios
Tem sete cores nos seus cabelos
Sete esperanças na boca fresca!
Oh! como és linda, mulher que passas
Que me sacias e suplicias
Dentro das noites, dentro dos dias!



Teus sentimentos são poesia
Teus sofrimentos, melancolia.
Teus pelos leves são relva boa
Fresca e macia.
Teus belos braços são cisnes mansos
Longe das vozes da ventania.



Meu Deus, eu quero a mulher que passa!



Como te adoro, mulher que passas
Que vens e passas, que me sacias
Dentro das noites, dentro dos dias!
Por que me faltas, se te procuro?
Por que me odeias quando te juro
Que te perdia se me encontravas
E me concontrava se te perdias?



Por que não voltas, mulher que passas?
Por que não enches a minha vida?
Por que não voltas, mulher querida
Sempre perdida, nunca encontrada?
Por que não voltas à minha vida
Para o que sofro não ser desgraça?



Meu Deus, eu quero a mulher que passa!
Eu quero-a agora, sem mais demora
A minha amada mulher que passa!



Que fica e passa, que pacífica
Que é tanto pura como devassa
Que bóia leve como a cortiça
E tem raízes como a fumaça.

se fosses um violoncelo...



Se fosses um violoncelo
E estivesses assim, colada a mim,
E os teus cabelos fossem as minhas cordas,
Se o teu corpo estivesse colado ao meu, nas minhas pernas,
No meu peito, e os meus dedos percorressem a tuas cordas,
As notas arcadas sairiam assim, mesmo sem a resina no arco,
Pois o meu ardor arde tanto que sem nada eu faria vibrar o teu coração,
No meu, onde viste poisar, qual sinfonia nova, qual uma nova canção
De amor, de Amor verdadeiro e sincero que cresce num hino de esperança,
Nasce uma nova sonata, que pinto nos meus dedos, correndo essa memória
De em ti tocar, lá dentro, mesmo estando cá fora, mas onde sei que brilha
A minha luz, acesa pelo teu olhar que se cruza com o meu e onde me amarro,
Qual barco na tempestade que no cais procura abrigo e assim fico na tua história!
Quando me sinto assim, em ti, perdido, e em ti me encontro, procuro
Por nós, procuro pelo teu sabor a mar, procuro pelas estrelas dos teus olhos,
Sempre a brilhar, quais faróis numa falésia a avisar que sem rumo
Posso naufragar e me perder dando-me a direcção do teu
Caminho para te encontrar e em ti ficar calmo, sereno
E sossegado, mesmo que a tempestade custe a passar…
Se fosses uma música nova, onde pudesse
Entrar, com a minha alma nua,
E as tuas notas pudesse
Tocar, seria eu um poema
Seria eu a música,
Seria eu,
Outra vez

MOTIVO



MOTIVO
Eu canto porque o instante existe
e a minha vida está completa.
Não sou alegre nem sou triste:
sou poeta.

Irmão das coisas fugidias,
não sinto gozo nem tormento.
Atravesso noites e dias
no vento.

Se desmorono ou se edifico,
se permaneço ou me desfaço,
- não sei, não sei. Não sei se fico
ou passo.

Sei que canto. E a canção é tudo.
Tem sangue eterno a asa ritmada.
E um dia sei que estarei mudo:
- mais nada.

Autora: (Cecilia Meireles)

"MÚSICA AO LONGE"



Erico Verissimo


“Em geral quando termino um livro encontro-me numa confusão de sentimentos, um misto de alegria, alívio e vaga tristeza. Relendo a obra
mais tarde, quase sempre penso ‘Não era bem isto o que queria dizer’.”
(O escritor diante do espelho)

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Uma palavra: tristeza.



Surge, dentro de mim
uma solidão poética
terna, me invade
encanta meus sentidos...
Meu olhar murmura
chama pelo amor
tece em palavras
meus sentimentos
devaneia...
Na folha em branco
um poema
inacabado, de mim
transpira de desejos...

BORRALHEIRA



Um dia descobrimos que beijar uma pessoa para esquecer outra, é bobagem.
Você não só não esquece a outra pessoa como pensa muito mais nela....
Um dia descobrimos que se apaixonar é inevitável...
Um dia percebemos que as melhores provas de amor são as mais simples...
Um dia percebemos que o comum não nos atrai....
Um dia saberemos que ser classificado como o "bonzinho" não é bom...
Um dia percebemos que a pessoa que nunca te liga é a que mais pensa em você...
Um dia saberemos a importância da frase:
"Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas....."
Um dia percebemos que somos muito importantes para alguém mas não damos valor a isso.
Um dia percebemos como aquele amigo faz falta, mas ai já é tarde demais...
Enfim... um dia descobrimos que apesar de viver quase 100 anos, esse tempo todo não é suficiente para realizarmos todos os nossos sonhos, para dizer tudo o que tem de ser dito...
O jeito é: ou nos conformamos com a falta de algumas coisas na nossa vida ou lutamos para realizar todas as nossas loucuras....
Quem não compreende um olhar tampouco compreenderá uma longa explicação.
" Mário Quintana "
Ah!!!!!!! Quintana.. sempre um sábio.... =]



"o mundo da voltas,em uma dessas voltas conheci essa menina...tão linda tão serena...ah!...tomara que a volta que o mundo vai dar, e que ela vai estar,ande logo...poque não vou deixa-lá escapar ... sem um beijo meu ela levar"
...Augusto César

existem pessoas legais,pessoas especias...pessoas inesquecíveis...e por ai vai...mas quando se junta isso tudo não tenho a palavra certa para definir estas pessoas..acho que preciso de um dicionário novo....rsrsrs...te adoro borralheira!
...Augusto César


CANÇÃO EXCÊNTRICA

Ando à procura de espaço...
para o desenho da vida.

Em números me embaraço e perco sempre a medida...

Se penso encontrar saída,
em vez de abrir um compasso,
projeto-me num abraço e gero uma despedida.

Se volto sobre o meu passo, é já distância perdida.

Meu coração, coisa de aço, começa a achar um cansaço,
por esta procura de espaço para o desenho da vida.

Já por exausta e descrida não me animo a um breve traço:

- saudosa do que não faço,

- do que faço, arrependida...

(Autora: Cecília Meireles)

domingo, 1 de novembro de 2009

SAGARANA

O livro é composto pelos seguintes contos:
Carro de boi, com uma junta de bois a mais que no conto Conversa de Bois

* O Burrinho Pedrês
* A volta do marido pródigo
* Sarapalha
* Duelo
* Minha Gente
* São Marcos
* Corpo Fechado
* Conversa de Bois
* A hora e vez de Augusto Matraga

Originalmente, o livro possuía outros três contos:

* Questões de Família
* Uma História de Amor
* Bicho Mau

[editar] Características gerais da obra
[editar] Linguagem

Guimarães Rosa cria neologismos em Sagarana, utilizando-se de palavras formadas por derivações sufixal, prefixal, parassintética e também por abreviação, composição aglutinada e composição justaposta. A obra é repleta de neologismos que se sobressaem em composições e derivações novas, além “de novos tipos de construção frasal”, ditos "neologismos sintáticos”, segundo Mattoso Câmara.

Algumas figuras de linguagem tais como: metáforas, anacoluto e silepse têm também grande destaque. Além disso, o autor faz uso de recursos melopéicos, que são únicos em sua obra. Como disse Guimarães Rosa, “as palavras têm canto e plumagem” (Borba, 1946), e, por isso mesmo, cada uma delas leva a significados diversos, ainda que essa diversidade possa ser muito sutil e só apreendida em um exercício de interpretação. Com efeito, Guimarães apela para os aspectos auditivos (“canto”) e visuais (“plumagem”), fazendo uma verdadeira arranjo sonoro com as palavras. Isso se sobressai principalmente em O Burrinho Pedrês e São Marcos.
[editar] Fabulação
Um burrinho pedrês

É outra característica de Guimarães Rosa que se sobressai em Sagarana: o seu extraordinário poder de fabulação. Suas narrativas, repletas de incidentes, casos fantásticos e imaginários, contém às vezes mais de uma “história” dentro da “história”. É o que se pode notar, principalmente, em O Burrinho Pedrês.

De um modo geral, entretanto, esses casos secundários são postos em função do principal: têm a finalidade de comprovar ou preparar terreno para a história principal.
[editar] Espaço e personagens

Em carta a João Condé, Guimarães Rosa (2001, p.25) revela que Sagarana se passaria no interior de Minas Gerais, na paisagem das fazendas e vaqueiros [1] - mundo da infância e juventude do autor .

As histórias são ligadas entre si pelo espaço em que acontecem, e captam os aspectos sociais, físicos e psicológicos do homem interiorano.
[editar] Provérbios e quadras

É outra característica do estilo rosiano que evidencia um gosto bem popular: o gosto por ditados e provérbios, além das quadrinhas que harmonizam as noites sertanejas, sob um céu palpitante de luar e de estrelas que pululam encantadas dos sons gotejantes das melodias populares.
[editar] Narração
Anopheles o vetor da malária, presente no conto Sarapalha

Os contos O Burrinho Pedrês, A Volta do Marido Pródigo, Sarapalha, Duelo, Conversa de bois e A hora e vez de Augusto Matraga são narrados em terceira pessoa.

A onisciência do narrador nos contos em terceira pessoa é relativizada, acentuando a dimensão mítica, política e a alternância de focos narrativos no transcorrer do texto.

Já nos contos São Marcos, Minha Gente e Corpo Fechado o narrador aparece em primeira pessoa, foco narrativo ilumina os passos do protagonista, mas também revela certas sutilezas que servem para esclarecer o sentido mais profundo da his